Pelo Comité Editorial Blog IVI Doa

Diástase abdominal

Diástase abdominal, o que é isso?

Já ouviste falar de diástase abdominal, mas não sabes bem o que é? Ou pensas que tens sintomas de diástase e procuras mais informação? Preparámos um pequeno guia para saberes mais sobre o assunto.

A diástase abdominal é bastante comum, atingindo cerca de 50% das mulheres após o parto, podendo causar desconforto físico e estético. No entanto, também pode atingir mulheres que nunca tiveram filhos e até homens. Nestes casos, ocorre por fatores como obesidade, sedentarismo, problemas posturais ou devido a esforço físico em excesso.

Para evitar ou tratar esta complicação é recomendada uma prática adequada de atividade física durante a gravidez e também no puerpério (as semanas a seguir ao parto, durante as quais o corpo da gestante regressa à normalidade).

 

O QUE É DIÁSTASE ABDOMINAL

Durante uma gravidez, as mulheres aumentam de peso e, devido às dimensões do útero, os seus músculos abdominais sofrem alterações substanciais que influenciam a morfologia do tronco. Estas alterações no corpo ocorrem durante o período gestacional e prolongam-se até ao pós-parto. O reto abdominal é um dos músculos que sofre maiores alterações, o que provoca diástase abdominal.

A diástase abdominal consiste, então, no afastamento do músculo reto abdominal que ocorre com o rompimento da linha alba. Este afastamento dos músculos abdominais e do tecido conjuntivo é a principal causa de flacidez abdominal e provoca dor lombar no pós-parto. Adicionalmente, fatores hormonais na gestação também contribuem para o relaxamento muscular.

Este afastamento, que pode chegar a 10 cm de distância, ocorre devido ao enfraquecimento do músculo abdominal, que tem de esticar bastante para permitir o crescimento da barriga durante a gravidez e criação de espaço para acomodar o bebé.

Esta condição influencia a morfologia e estabilidade do tronco, com implicações diretas na manutenção da postura, na respiração, na estabilidade da bacia e de, de forma geral, na mobilidade do tronco.

Como se desenvolve durante a gravidez, o número de gestações e o número de bebés numa mesma gravidez têm um impacto significativo, pois a zona abdominal precisa de se distender várias vezes devido à pressão causada pelo crescimento do bebé ou bebés. Como tal, esta situação é mais frequente em mulheres com múltiplas gravidezes, com partos normais distanciados por curtos intervalos de tempo, que tiveram partos normais de bebés com mais de 4 kg, ou que tenham engravidado após os 35 anos de idade.

O desenvolvimento de diástase é, assim, bastante comum. No entanto, caso permaneça oito semanas após o nascimento do bebé, poderá ser um problema.

DIAGNÓSTICO

Se suspeitas que tens diástase, é importante realizar uma avaliação com um profissional especializado para um diagnóstico correto. A realização de testes e uma ecografia podem confirmar as suspeitas e orientar o melhor tratamento possível.

Como em qualquer situação relacionada com a saúde, quanto mais cedo a diástase for confirmada, melhor. Com um tratamento célere, as pacientes têm, normalmente, resultados mais rápidos. Por isso, é essencial prestar atenção aos possíveis sintomas.

Deves estar atenta a uma protuberância no abdómen ao tossir, espirrar, agachar ou levantar? pesos. Adicionalmente, verifica se sentes a região acima ou abaixo do umbigo muito mole e flácida, ou se sentes dores na região lombar, coxas ou nádegas.

Para um autoexame preliminar, que não substitui um diagnóstico médico profissional, podes também seguir os seguintes passos:

– Deitar no chão de barriga para cima

– Pressionar a barriga com dois dedos cerca de 2 cm acima e abaixo do umbigo

– Contrair o abdómen (com as pernas dobradas levantar os ombros do chão e olhar para a barriga)

A reação normal ao contrair o abdómen, como se estivesses a fazer um exercício de abdominais, é que os dedos avancem um pouco para cima. No entanto, quando existe diástase os dedos não se movem. Aliás, pode ser possível colocar 3 ou 4 dedos juntos e não haver movimento dos mesmos com a contração abdominal.

CONSEQUÊNCIAS DA DIÁSTASE ABDOMINAL

A diástase abdominal pode implicar consequências a longo prazo que prejudicam a qualidade de vida. Como os músculos abdominais atuam como uma proteção natural da coluna, o enfraquecimento dos mesmos sobrecarrega a coluna, o que leva a dores na região lombar, cervical e nas coxas, e dificuldade em realizar movimentos. Algumas mulheres também podem ter obstipação e/ou perda de urina ao tossir ou ao realizar esforços.

Alguns casos mais graves podem implicar a necessidade de cirurgia para um tratamento eficaz. Isto acontece quando a diástase abdominal provoca uma hérnia umbilical epigástrica, que consiste numa abertura acima do umbigo que permite a saída de tecidos ou, até mesmo, de parte do intestino.

TRATAMENTOS PARA A DIÁSTASE ABDOMINAL

O tratamento necessário depende do tamanho da diástase abdominal. Nos casos mais simples, que são também os mais comuns, existem tratamentos que permitem alcançar excelentes resultados e podem diminuir consideravelmente ou eliminar totalmente o problema. Em casos de diástase com menos de 5 cm, é possível observar a diminuição da mesma em cerca de 2 a 3 meses, se o tratamento for realizado diariamente.

Pilates Clínico

Este tipo de exercícios implicam a atividade intensa do pavimento pélvico e dos músculos abdominais. Devem ser realizados com supervisão do fisioterapeuta ou de um profissional qualificado, pois uma má postura e má execução dos exercícios pode causar um aumento na pressão intra-abdominal. Isto pode aumentar a separação dos retos, o que pode piorar a diástase ou levar ao surgimento de uma hérnia.

Fisioterapia

A fisioterapia permite realizar um trabalho de resistência e força muscular que fortalece o reto abdominal. A utilização de equipamentos como FES (Estimulação Elétrica Funcional) é muito eficiente no fortalecimento dos músculos, através da contração dos mesmos. Os exercícios com FES podem ser feitos durante 15 a 20 minutos.

Cirurgia

A cirurgia é indicada nos casos mais graves, nos quais os métodos mais comuns não apresentam resultados satisfatórios. Apesar de a cirurgia ser o último recurso para correção da diástase, o procedimento em si é muito simples e consiste em costurar os músculos.

A par da cirurgia para corrigir a diástase, o médico também pode sugerir a remoção da gordura em excesso através de uma lipoaspiração ou abdominoplastia.

No entanto, o melhor tratamento é a prevenção. Se estiveres grávida ou a pensar em engravidar, procura aconselhamento médico. Um especialista pode ajudar a prevenir o problema e melhorar o teu bem-estar.